domingo, dezembro 05, 2010

Chamar a Música - a Triquela com Prequelas

O comité de três do vosso blog preferido gosta de falar de música. Sim, nós não somos só bola. Também temos vida fora da blogosfera. Vidas mais ou menos inúteis, com mais ou menos pêlos debaixo do sovaco, com fins de semana de pijama e noites de sexta-feira que acabam com os vossos escribas a chamar o Machairidis.

É a Vida, e nós fazemos parte dela, tanto quanto ela faz parte do Paulo. E esta parece-me uma boa altura para fazer um trocadilho com o nome do Nuno Sociedade, mas não me ocorre nada. Adiante, que estou com fome e não quero deixar o texto a meio. E não me apetece cozinhar. Acho que vou ligar para o Take Away do Zhang Chengdong e pedir Moretto à Pequim (ah, o confortável mundo da piada fácil).

Isto tudo para dizer o quê? Que tal como vocês, também vibrámos com os Ban e chorámos ao som dos Três Tristes Tigres. Também dançámos slows com miúdas cobertas de acne nas festinhas de garagem à pala do Bryan Adams e já imitámos o timbre de voz (?) do Pedro Abrunhosa aos ouvidos de outras quantas. Já mandámos uma ou outra azeiteirola dar uma volta ao bilhar grande quando topámos que ela tinha um relógio dos Excesso. A música faz parte da nossa vida. Quem não se lembra do som que estava a degustar quando D. Russell Nigel Latapy I reconfigurou o tornozelo do Jokanovic ou quando o Toniño marcou o seu primeiro petardo de fora da área para lá do Marão?

Todos nós temos as nossas playlists, as bandas sonoras da nossa vida - que normalmente incluem pop com sintetizadores da década de 80 em doses proeminentes - e este senhor cá em baixo não é excepção:



















Zlatko.

Um homem dividido, um coração rachado a meio pela fria e impiedosa indústria do futebol. As quentes noites de paixão na cidade Invicta foram demasiadas para ele. Uma bela história de luxúria, futebol sensual vestido a lingerie de criatividade e sucesso. Títulos, glória, possivelmente drogas e prostitutas.
Zlatko tinha tudo. Tudo, menos a exclusividade do coração da urbe que o adoptara. O esloveno queria mais. Queria a aliança no dedo, sonhava com juras de amor eterno, mas o coração da cidade que deu o nome a Portugal já tinha dono(s). A Invicta, historicamente fiel aos seus, aberta para quem lhe quer e faz bem, estava comprometida com a testa de Mário Jardel, com o pé esquerdo de Ljubinko Drulovic, o cotovelo direito de Paulinho, os pitons de Jorge Costa e as férreas mãos de Lars Eriksson. Não havia espaço para mais. Num assomo de orgulho, Za exigiu o quebrar de tão intenso laço. Tudo ou nada. Deixando para trás nódoas de champanhe em lençóis de seda azulados, o avançado partiu. Tensão e revolta pairavam no ar como uma brisa de flatulência do Chippo.

Mas Za tinha um plano - a vendetta perfetta: a antiga amante azul e branca, sempre envolvida em paixões arrebatadoras, cedo iria ver o amargo esloveno na cama com a sua maior rival.

E desta feita, houve juras de amor. Za recebeu a chave do castelo, a suite com acesso ao coração da vermelha amante. Foram tempos de longos passeios na praia, chocolate quente à chuva e comédias românticas com o Hugh Grant no sofá da sala.

Finalmente, o amor encontrara Zlatko...mas Zlatko não encontrara o amor. A camisola vermelha fazia-lhe comichão. A glória escapava-lhe por entre os dedos. O sucesso era uma memória distante. Por muito amado que fosse, Za continuava a suspirar pela paixão que deixara a Norte. O champanhe, os hinos de vitória, a intensidade que cobre o violento ardor do afecto carnal ficaram definitivamente para trás - sem que tenha conseguido recuperá-los 300km a Sul.

Banhado a desalento, e perante a visão de uma ex-concubina nos píncaros da paixão Europeia e Mundial, o irascível esloveno decidiu mandar a carreira futebolística às urtigas e cuspir um álbum que sintetizava todos os sentimentos que lhe consumiam a alma e corroíam o espírito.

O resultado foi um dos melhores LP's dos últimos 15 anos:

"Dois Amores, Também eu Tenho" foi a confirmação do potencial baladeiro do Bardo dos Balcãs, com singles clássicos como o envolvente "Eu Fiz Basculação com o Kandaurov", o truculento "Festejei um Golo com o Folha e Não Gostei Particularmente" ou o inesquecível "O Cruzamento Atrasado do Carlos Secretário". Porém, a pièce de résistance será sem dúvida a balada "Quero Cheirar Teu Melão, Calado".

Tudo temas que confirmam Zlatko como ums dos maiores valores da sua geração. Imprevisível, versátil, irascível e temperamental, o Bardo dos Balcãs despeja fel, paixão e memórias várias neste pedaço de vinil...e quem fica a ganhar com isso somos nós.

Post Scriptum Cromatium: Sim, eu sei que estamos no final de 2010, mas tinha esta imagem encostada no meu PC há demasiado tempo. So there.

5 comentários:

Anónimo disse...

ENORME!!! NESTE BLOG HA O FITZX E HA OS OUTROS

Anónimo disse...

Fantastica retrospectiva de um dos mais iluminados pes esquerdos de todos os tempos: o Folha. Zlatko a revelar a sua grande capacidade musical. Mas tenho uma duvida: ele chegou mesmo a cheirar o melao do calado? Abraço!

Anónimo disse...

é possível, o zé e o zlatko passaram uma pré-época juntos até o zé ir para sevilha com o seu novo companheiro de aventura, joão tomás.

Anónimo disse...

O Calado continua mudo sobre esse assunto Já quando o Za fala, ninguém o percebe. A verdade anda algures por aí.

Anónimo disse...

Eu quis postar sobre algo assim na minha página e você me deu uma idéia. Cheers.

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